Civilizações do Açúcar

 

As culturas açucareiras constituem problemáticas relevantes na América. Desde a época colonial, a produção de açúcar vinculou-se ao capitalismo comercial, criando um sistema produtivo fundado na escravidão e na triangulação de rotas comerciais que ligavam África, Europa e o continente americano.

Apesar dos componentes em comum, a cultura do açúcar adotou formas distintas em cada uma das regiões onde foi estabelecida: no nordeste brasileiro e mais tarde no sudeste, predominou a grande plantação escravista que marcou a sociedade e a economia da região, enquanto que, em outras áreas, os engenhos acabaram por orientar-se ao mercado interno, produzindo açúcar e aguardente para o sustento local.

Dessa forma, as diferentes dinâmicas produtivas geraram fisionomias diversas em regiões açucareiras distintas, segundo a magnitude de suas configurações agrárias, as escalas produtivas e a orientação de sua produção. Tais modelos açucareiros, sustentados pela escravidão, projetaram-se nos séculos XIX e XX.

Na década de 1930, na busca pelas origens dos entraves políticos e econômicos do Brasil de então, autores como Gilberto Freyre, Caio Prado Jr., Sérgio Buarque e Roberto Simonsen indicavam o peso das estruturas coloniais e seus elementos de continuidade, ressaltando o papel da produção açucareira na formação de uma verdadeira civilização do açúcar. O modelo apontado por Freyre, em Casa Grande & Senzala, tornou-se, de certa forma, o paradigma para pensarmos a sociedade escravista, que, disseminada em diversas áreas e em diferentes produções, estendeu-se até o final do século XIX.

Sediado na Cátedra Jaime Cortesão, o Grupo de Pesquisa Civilizações do Açúcar tem por hipótese de trabalho a diversidade de formações econômico-sociais geradas pela produção açucareira, em diferentes épocas, em variadas áreas. Objetiva ir além da matriz freyriana, buscando diferentes civilizações do açúcar. Ou seja, para além das semelhanças, serão ressaltadas as diferenças que fundamentaram arranjos sociais, configurações econômicas, soluções produtivas e formas políticas específicas.​​​​​​​